A SECA NO
NORDESTE
A SECA DE 2012
ENTRA PRA HISTÓRIA!
A estiagem que acomete o Nordeste em 2012 não é comum. De
acordo com especialistas, esta é mais intensa e acontece de 30 em 30 anos, em
média. Assim como a seca deste ano, outras também marcaram a história do
Nordeste. As mais famosas são as de 1983/84, 1935 e 1887, que provocaram a
morte de quase 500 mil nordestinos.
Desmatamento e políticas
ineficazes são agravantes
A seca no sertão nordestino, está entre as questões mais
graves do Brasil. Há séculos os governos têm tentado resolvê-la, sem sucesso.
As políticas de combate à seca no Nordeste remontam à
época do Império. D. Pedro 2º determinou a construção de açudes, entre outras
ações, para diminuir os efeitos da estiagem, entre os anos 1877 e 1879.
O próprio imperador declarou: "Não restará uma única
jóia na Coroa, mas nenhum nordestino morrerá de fome".
Em 1951, um grupo de estudiosos determinou os limites da
região atingida por estiagens periódicas, que passou a ser chamada Polígono
das Secas. Veja o mapa com as áreas atingidas pela seca, na época: O Polígono
das Secas
A área abrangia os quase todos os estados do Nordeste,
menos o Maranhão, além do norte de Minas Gerais.
Causas da seca
Mas o Polígono das Secas aumentou de tamanho. O Maranhão, que estava "fora" da área de ocorrência de secas longas, vem enfrentando o problema nos últimos 25 anos. Nas regiões atingidas, é comum a estiagem se prolongar por dois ou três anos. Isso gera uma situação de calamidade para milhões de sertanejos.
A ampliação da área da seca está relacionada à forma de
ocupação humana nessa região, desde o século 16. Trata-se do uso predatório
da terra, tirando dela o máximo possível em produtividade sem preocupação com
o esgotamento.
O principal fator foi desmatamento excessivo que deu fim à
vegetação em torno das nascentes dos rios. Isso mesmo: sem as árvores, secam
o rio e a fonte de onde vem a água. Sem a proteção do verde, o solo frágil e
arenoso não resiste e a região torna-se árida. Com isso, o clima muda: há
menos chuvas. E o lugar é ocupado pela caatinga, ou se transforma em deserto.
Indústria da seca
O primeiro órgão de combate à seca foi criado em 1909, chamava-se Inspetoria de Obras Contra as secas (IOCS). Em 1919 tornou-se a Inspetoria Federal de Obras Contra a Secas (IFCOS). Em 1945 ganhou novo nome: Departamento Nacional de Obras Contra a Secas (DNOCS).
Todos esses órgãos procuram definir metas e solucionar o
problema com obras para armazenar água e suprir a população, a agricultura e
a pecuária.
Mas tem sido insuficiente, como se vê pelo aumento da área
atingida. Além do desmatamento, a seca do Nordeste está ligada à falta de
políticas que realmente funcionem em benefício da população.
Durante a estiagem, o governo federal socorre os estados
atingidos com envio de dinheiro para ser aplicado nessas áreas, cestas
básicas para a população, perdão total ou parcial das dívidas de empréstimos
tomados por empresários e fazendeiros. Estudiosos declaram que existe uma
"indústria da seca", da qual alguns se beneficiariam de forma
política e financeira.
Autor: Luiz Carlos Parejo é professor de geografia da rede privada e
de cursos pré-vestibulares.
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