Uma das lições do livro de Ester, é que, mesmo quando o nome
de Deus não aparece nos créditos, podemos ter certeza de que ainda é ELE quem escreve,
produz e dirige todas as cenas.
Para cumprir seus propósitos Deus pode usar a soberba e o
ódio dos homens. Isto é ilustrado na vida de um dos personagens do livro, Hamã.
Ele aparece no capítulo 3, quando é promovido pelo rei Assuero para ser uma
espécie de primeiro ministro no reino, acima de todos os outros ministros.
Todas as pessoas deveriam honrar Hamã inclinando-se diante dele. Mas Modercai,
o tio e também pai adotivo de Ester, não faz isso.
A razão era que Hamã era agagita, isto é, descendia de
Agague, antigo rei dos amalequitas. Entre este povo e os judeus, existia um
conflito mais que milenar. Ambos descendiam de irmãos que foram rivais e
inimigos por algum tempo: Esaú e Jacó. Amaleque era descendente de Esaú, os
judeus de Jacó (Gênesis 25.27-34; 27; 36.12).Quando Israel saiu do Egito, Amaleque, de forma covarde,
atacou os israelitas. Deus ordenou que estes, depois de estabelecidos em Canaã,
deveriam destruir aqueles (Êxodo 17.8-14; Deuteronômio 25.17-19). Esta ordem
deveria ter sido cumprida por Saul, mas ele desobedeceu (I Samuel 15.2-9).
Então Mordecai crê que não deve honrar um descendente
daquele povo, e Hamã, nutrindo um grande ódio, quer destruir os judeus. É neste
contexto e usando estes ingredientes que Deus cumpre Sua palavra. Hamã é um exemplo de como a soberba, o ódio e o
ressentimento não só nos impedem de desfrutar das boas coisas da vida, como a
destrói. Ele tinha uma boa família, o apoio do rei, o respeito de todos os
súditos (menos um), fama e riquezas. Mas, não estava satisfeito enquanto visse
Mordecai sem se curvar diante dele (Ester 5.11-13). Ficou obcecado pelo seu
ódio.
De fato, ele nem havia percebido que Mordecai não se
inclinava, foi a intriga palaciana que lhe fez saber (Ester 3.2-5). As pessoas
são ágeis em fazer fofoca, movidas pela inveja. Todos se inclinavam menos
Mordecai. Os outros invejaram, e por isso contaram para Hamã, para ver quem
podia mais nessa queda de braço. Se Hamã tivesse ignorado, a vida continuaria.
Mas, em seu orgulho ele queria unanimidade. E este orgulho fez surgir o longo
ressentimento racial. Isto o levou à ira, e ela é uma péssima conselheira.
O ÓDIO O CEGOU.
Cegou para a futilidade do motivo. Um homem da posição de
Hamã não deveria se ocupar com algo tão pequeno, pois apenas um homem, em todo
o reino, não lhe prestava reverência.
Cegou para a motivação dos que fizeram chegar à notícia até
ele. Não é que estivessem querendo honrar Hamã, mas humilhar Mordecai. (Est
3.3-5). Cegou para a falta de proporção de sua reação. Ele extrapola
em seu ódio, vai além do motivo. Não quer acabar apenas com Mordecai, mas com
todos os judeus. Apenas uma palavra com o rei, sobre Mordecai, resolveria o
caso.
Cegou para a verdade. Ele usa de mentiras para poder se
vingar (Est 3.8). O que ele fala dos judeus não era justo, já que o próprio
Mordecai salvara o rei de uma conspiração (Ester 2.21-23).
Cegou para o cumprimento de sua função no reino. Ele usa os
recursos, o tempo e os funcionários do reino, para vingar seus ressentimentos
pessoais, e não para o bem do reino (Ester 3.9-14).
Cegou para a reação dos súditos. O orgulho lhe produziu uma
sensação de segurança e a vingança, de satisfação. (Est 3.15).
Cegou para a necessidade de averiguar tudo que estava
envolvido no seu decreto, inclusive o fato de que a rainha era sobrinha de
Mordecai, e também dos judeus.
Cegou para as circunstâncias em volta, afinal sentiu-se tão
seguro que não desconfiou do suspense de Ester, nem da razão pela qual seria o
único convidado para o banquete com o rei.
Cegou para averiguar o que estava acontecendo quando o rei
fala sobre honrar alguém (Ester 6.6). Cegou para a fragilidade de sua posição. De um dia para o
outro, sua sorte mudou. Cegou para a fraqueza de seus amigos. Numa noite
estavam ouvindo suas glórias e aconselhando-o a dar vazão ao seu ódio, no outra
apenas lhe dizem o óbvio, sem nenhuma ajuda a mais
(Est 5.14; 6.13).
Cegou para a Palavra de Deus. Pois ele era descendente de
Agague, que era amalequita, e Deus havia dito que os destruiria. (Êxodo 17.14),
e havia a promessa feita a Abraão (Gênesis 12.1-3). Se quisesse ser bem
sucedido, deveria abençoar os judeus, e não persegui-los. Cego, morreu na forca que seu ódio construiu (Ester 7.10).Vamos lembrar: o ódio, o ressentimento, a raiva, nos cegam,
e destroem nossa vida. E apesar dos nossos rancores e planos, é a vontade de
Deus que prevalece, mesmo quando visivelmente Ele não aparece.
(Pastor; Almir MarcolinoTavares).
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DEUS POR NÓS!
abraços.