domingo, 26 de setembro de 2010

GUARDAS DAS FONTES.
Este é um dos mais famosos sermões do extraordinário pregador presbiteriano escocês Peter Marshall, que morreu em 1949. Embora pregado há muitos anos, essa mensagem conserva sua atualidade.

Era uma vez, uma cidade que cresceu no sopé de uma cadeia de montanhas.
Protegida pelos montes, era suave e acariciante o vento que batia as portas das casas e levantava folhas secas do chão.
No alto dos montes um tranqüilo e estranho habitante das florestas tomou sobre si a responsabilidade de ser o Guarda das Fontes.
Assim percorria ele os montes e toda vez que encontrava uma fonte tratava de limpá-las das folhas caídas, do lodo e do barro. E trabalhava de tal modo que a água ao descer borbulhante através da areia fina corria para baixo, fresca, pura e limpa.
Ela saltava cintilando sobre as rochas e atirava-se alegremente em cascatas de cristal até que, dilatada por outras correntes, tornava-se um rio de vida para a cidade trabalhadora.
Os moinhos giravam com seu ímpeto.
Jardins eram irrigados pelas suas águas.
Cisnes vogavam e, sua límpida superfície e as crianças riam enquanto brincavam em suas margens sob a luz ardente do sol.
Mas a Câmara Municipal era formada por homens de negócios cabeçudos e irritadiços. E assim um dia examinando cuidadosamente o orçamento da cidade descobriram nele o salário do Guarda das Fontes.
Aí o relator da Comissão de Orçamento disse: “Por que pagar salário a esse personagem romântico? Nós nunca o vemos; ele não é necessário à vida de nossa cidade. Se construirmos um reservatório no alto, fora da cidade, podemos dispensar seus serviços e economizar o dinheiro do seu salário”.
E assim foi que a Câmara resolveu dispensar o custo desnecessário de um Guarda das Fontes e decidiu construir um reservatório de concreto.
Desse modo o Guarda das Fontes não visitou mais as nascentes do interior sombrio das matas, mas ficou espiando, de longe enquanto era construído o reservatório.
Quando a obra terminou, logo se encheu de água, mas esta já não parecia ser a mesma.
Não parecia ser tão limpa e uma espuma verde principiou a poluir a superfície estagnada.
Começaram também a surgir aborrecimentos constantes com as máquinas delicadas dos moinhos porque as rodas ficavam constantemente obstruídas pela lama; os cisnes foram procurar outro lar fora da cidade. Finalmente, uma epidemia grassou e os dedos viscosos e amarelos da doença alcançaram todos os lares em todas as ruas e alamedas da cidade.
Então a Câmara Municipal reuniu-se de novo. Enfrentaram com tristeza o drama da cidade e reconheceram francamente o erro cometido de demitirem o Guarda das Fontes.
E assim foram procurá-lo em sua cabana no alto das montanhas e rogaram-lhe que retornasse ao seu antigo e alegre trabalho.
Não demorou muito para a água pura descer cantante por entre túneis de samambaia e musgo e entrar cintilante no reservatório purificado.
As rodas dos moinhos voltaram a mover-se como antes. O mau cheiro desapareceu. A epidemia decresceu e as crianças convalescentes brincando ao sol riam felizes porque os cisnes também haviam voltado.
Não me julgueis fantasioso imaginativo ou extravagante quando digo que penso sempre nas mulheres e particularmente nas nossas mães, como Guardas das Fontes. A frase, embora poética, é verdadeira.
Sentimos o seu calor e a sua branda influencia. Não importa o quão esquecidiços sejamos ou indiferentes às bênçãos mui caras de cada dia, estamos sempre cônscios das lembranças queridas do passado, as doces e suaves as pungentes fragrâncias do amor.
Nada do que já se disse nada que poderia ser dito ou que vier a ser dito será suficientemente eloqüente, suficientemente significativo ou suficientemente adequado para expressar aquela emoção especial que sentimos para com nossas mães.
Assim vou fazer do meu tributo um apelo às Guardas das Fontes, para que sejam fieis às suas tarefas.
Nunca houve uma época em que houvesse maior necessidade de Guardas das Fontes, ou em que houvesse mais fontes poluídas necessitadas de purificação.
Se o lar falhar, a nação está condenada: a queda da família determinará a bancarrota do país.
Se as Guardas das Fontes desertarem de seus postos ou forem infiéis às suas responsabilidades, o panorama futuro do país é realmente negro.
Esta geração precisa de Guardas das Fontes que tenham coragem bastante para limpar as nascentes poluídas.
Não é um trabalho fácil e também não é muito popular, mas deve ser feito em benefício das crianças, e as jovens mães de hoje precisam executá-lo. A emancipação da mulher começou com cristianismo e terminará com ele...
Teve início numa noite, há mil novecentos anos, quando veio a uma mulher chamada Maria uma visão e uma mensagem do céu...
Ela viu as cortinas da glória descerradas e as mansões ocultas do céu. Ouviu a angélica anunciação da mais incrível das noticias: que ela, entre todas as mulheres da terra, entre todas as Marias da História, deveria ser a única a usar entrelaçadas a rosa rubra da maternidade com a rosa branca da virgindade.
Foi-lhe dito – e todas as Guardas das Fontes sabem como tais mensagens chegam – que ela seria a mãe do Salvador do mundo.
Foi há mil novecentos anos “quando Jesus mesmo dignou-se se torna um bebê e banhar em lágrimas de infante a sua Deidade”... e naquela noite, quando a frágil criança descansava na palha em Belém, começou a emancipação da mulher. Quando Ele cresceu e começou a ensinar o caminho da vida, conduziu a mulher a um lugar novo nas relações humanas.
Deu-lhe nova dignidade coroou-a de nova glória, de sorte que onde quer que o Evangelho tenha ido nestes dezenove séculos, as filhas de Maria têm sido respeitadas, reverenciadas, lembradas e amadas visto que os homens reconheceram que a mulher é algo de nobre e sagrado, que ela é feita de um barro mais fino, está em contacto com os anjos do Céu e tem funções mais nobres que a vida proporciona.
Onde quer que o cristianismo tenha chegado, por mil novecentos anos, os homens têm inclinado a cabeça e reverenciado a mulher.
Mas coube ao Século Vinte, em nome do progresso, em nome da tolerância, em nome da largueza de vistas, em nome da liberdade fazê-la descer do seu trono e procurar torná-la igual ao homem...
Ela queria igualdade. Por mil e novecentos anos ela não tinha sido igual: tinha sido superior...
Mas agora, ela queria igualdade e para obtê-la teve que descer.
E foi assim que em nome da tolerância liberal, os vícios dos homens agora se tornaram também vícios da mulher.
A tolerância do Século Vinte conquistou para mulher:
O direito se embriagar, o direito de cheirar a álcool, o direito de fumar, de trabalhar como um homem, de agir como um homem, pois não é ela igual ao homem?
Elas chamam a isso hoje “progresso”... Mas amanhã – oh vós, Guardas das Fontes – eles irão ver que isso não é progresso.
Nenhuma nação jamais fez qualquer progresso caminhando para baixo. Nenhum povo se tornou grande pelo rebaixamento dos seus padrões. Nenhum povo jamais se tornou melhor adotando uma moralidade mais frouxa.
Não há progresso quando o tom moral é mais baixo do que antes.
Não há progresso quando a pureza não é tão doce.
Não há progresso quando a Feminilidade perdeu a sua fragrância.
Qualquer que seja o nome que se lhe dê, não é progresso!
Nós precisamos de Guardas das Fontes capazes de compreender que aquilo que é socialmente aprovado pode não ser moralmente certo.
Nosso país precisa hoje de mulheres que nos levem de volta para a moralidade tradicional, para a decência tradicional, para a pureza e doçura tradicionais, por amor à próxima geração, se não houver outro motivo.
Esta geração viu aparecer um tipo inteiramente novo de mulher que emergiu da selvagem confusão de nosso tempo.
Temos mais automóveis, mais cinemas, mais telefones, mais dinheiro, mais orquestras, mais rádios, mais televisões, mais clubes nortunos, mais crimes e mais divórcios do que qualquer oura nação do mundo.
As mães modernas querem que seus filhos gozem das vantagens deste novo dia. Querem que eles, se possível, tenham um diploma universitário para pendurar na parede de seus quartos.
Elas estão desesperadamente ansiosas que suas filhas sejam populares embora o preço da popularidade não seja tomado em consideração senão tarde demais.
Resumindo: elas querem que seus filhos sejam bem sucedidos, mas a definição que usam para “sucesso”, de acordo com as tendências de nossa época, é muito materialista.
O resultado de tudo isso é que a criança moderna é criada em lares decentes, cultos, confortáveis, mas completamente sem religião.
Por toda a parte, bem junto de nós, à sombra de nossas grandes igrejas e nossas lindas catedrais, as crianças crescem sem uma partícula da influência ou de instrução religiosa.
Os pais dessas crianças em geral abandonaram completamente a idéia de procurar fundamentos religiosos.
A principio tinha, provavelmente, uma espécie de vago idealismo a respeito do que deveria ser ensinado aos filhos.
Lembrava-se de alguns ensinamentos religiosos recebidos na infância e achavam que algo dessas coisas deveria ser transmitido às crianças de hoje, mas nem isso estava em condições de fazer, pela simples razão de não terem nada para dar.
Nossa moderna largueza de vistas baniu a educação religiosa das escolas.
Nossa maneira moderna de viver e nossa moderna falta de religião baniram-na dos nossos lares.
Só um lugar permaneceu onde ela pode ser obtida e este é a Escola Dominical, mas, para muitos, não está mais na moda freqüentar a Escola Dominical... O resultado é que há pouca educação religiosa e os pais que não a possuem também não estão em condições para dá-las a seus filhos – o que vem a ser o caso do “cego a guiar outro cego”, de sorte que tanto pais como filhos quase invariavelmente vão terminar no poço da incerteza e da irreligião.
Quando pensas em tua mãe, recordando-a com amor e gratidão – nos raptos da imaginação ou na saudade solitária... Estou certo de que as lembranças que aquecem e ameigam o coração não são como as lembranças que as crianças de hoje irão ter no futuro...
Porque lembrarás sem dúvida, do cheiro de goma no avental de tua mãe ou cheiro da blusa que acabou de ser passada a ferro ou cheiro do pão ao sair do forno ou a fragrância das violetas que ela prendia ao peito...
Será uma tragédia se tudo que as crianças de hoje vierem a lembrar for o cheiro dos cigarros, da nicotina, ou o repulsivo odor da cerveja no hálito!
O desafio à maternidade no Século Vinte é tão velho quanto à própria maternidade.
Embora a mãe moderna tenha vantagens que as mulheres pioneiras jamais conheceram – vantagens materiais, educação, cultura, progresso feitos pela ciência e pela medicina, embora a mãe moderna conheça muito mais coisas acerca de esterilização, dietas, saúde, calorias, germes, drogas, remédios e vitaminas, muito mais coisas do que sua mãe, conhecia, há um assunto sobre o qual ela não conhece tanto e esse assunto é Deus.
O desafio à mulher de hoje é o eterno desafio para que elas sejam mulheres piedosas.
Essa palavra soa estranhamente aos nossos ouvidos. Nunca a ouvimos hoje.
Ouvimos a respeito de muitas outras espécies de mulher:
Mulheres bonitas; mulheres espertas; mulheres sofisticadas; mulheres que vencem em suas carreiras; mulheres talentosas; mulheres divorciadas... Mas muito raramente ouvimos de uma mulher piedosa – como também não ouvimos de homens piedosos.
Eu creio que é no lar mais do que em qualquer outro lugar que as mulheres chegam mais perto de cumprir a missão que lhes foi dada por Deus.
É coisa muito mais nobre ser uma boa esposa que ser Miss Universo.
É uma realização muito maior formar um lar cristão do que escrever uma novela de segunda classe, cheia de imundície.
É coisa muito mais importante no reino da moral ser antiquada do que ser ultra-moderna.
O mundo tem mulheres demais que sabem segurar seus cálices de bebida, que perderam suas ilusões e sua fé.
O mundo tem mulheres demais que sabem ser espertas, ele está precisando de mulheres que desejem ser simples.
O mundo tem mulheres demais que sabem como ser brilhantes; ele precisa de algumas que queiram ser corajosas.
O mundo tem mulheres demais que são populares; ele precisa de mais mulheres que sejam puras.
Nós precisamos de mulheres – e de homens também – que prefiram antes ser moralmente certos do que socialmente aprovados.
Não nos enganemos: Sem cristianismo sem educação cristã, sem os princípios de Cristo inculcados na infância, nós estaremos simplesmente criando pagãos.
Fisicamente serão perfeitos. Intelectualmente serão brilhantes, Mas espiritualmente serão pagãos. Não nos enganemos.
A escola não está fazendo nenhuma tentativa para ensinar os princípios de Cristo.
A igreja sozinha não poderá fazê-lo.
Esses princípios não poderão nunca ser ensinados a uma criança se sua própria mãe não os conhecer e praticar todos os dias.
Se a mãe não tiver, ela mesma, uma vida de oração, é um gesto absolutamente inútil fazer seu filho dizer suas orações cada noite.
Se a mãe nunca entra numa igreja, é esforço fútil enviar o filho à Escola Dominical.
Se a mãe costuma pregar mentiras sociais será difícil ensinar o filho a falar a verdade. Se a mãe costuma falar coisas cortantes a respeito de seus vizinhos ou a respeito dos outros membros da igreja, será difícil para seus filhos aprenderem o significado da bondade.
Resumindo: O desafio do Século Vinte à mulher é que as mães devem ter uma experiência com Deus... Uma realidade que elas possam transmitir a seus filhos. Porque a mais nova das ciências está começando a compreender, depois de estudar os ensinamentos de Cristo à luz da psicologia, que somente quando os seres humanos descobrem e seguem essas inexoráveis leis espirituais, poderão encontrar a felicidade e o contentamento que todos nós buscamos.
Certo pastor conta que foi a um hospital visitar uma jovem mãe cujo primeiro filho acabara de nascer.
Ela era uma moça bem moderna.
Seu lar estava acima da média para um jovem casal.
“Quando entrei no quarto”, disse ele, “ela estava recostada no leito escrevendo”. “Venha aqui”, disse-me ela, sorrindo, “eu estou no meio de uma limpeza da casa e preciso de sua ajuda”.
“Eu nunca tinha ouvido falar de uma mulher fazendo a limpeza da casa num leito de hospital”. Mas seu sorriso era contagiante – ela parecia ter encontrado uma nova e encantadora idéia.
“Tive uma oportunidade maravilhosa aqui de pensar”, começou ela a falar, “e poder falar-lhe agora pode ajudar-me a deixar as coisas bem claras na minha mente”.
Descansou o lápis e o papel por um momento e cruzou as mãos.
Depois, tomando uma longa respiração, principiou:
Desde menina sempre detestei qualquer espécie de controle. Sempre quis ser livre. Quando terminei o ginásio, entrei num curso comercial e arranjei um emprego – não porque precisasse de dinheiro, mas porque queria ser independente.
“Antes de casar com Joe costumávamos falar que iríamos ser escravos um do outro. E depois que nos casamos nosso apartamento tornou-se o quartel general de um mundo de gente igual a nós. Nós não éramos propriamente maus, mas fazíamos aquilo que nos agradava”.
Ela parou um instante e sorriu com tristeza:
Deus não significava muito para nós – nós o ignorávamos. Não queríamos filhos – ou então pensávamos não os desejar. E quando eu soube que eu ia ter uma criança, fiquei com medo.
“Ela parou de novo e olhou meio espantada. Não são engraçadas as coisas que nós costumamos pensar?”
Ela tinha quase esquecido de que eu estava ali – ela estava falando à moça que ela tinha sido, antes de sua grande aventura.
Mas de repente, lembrando-se de minha presença, ela continuou. “Onde é que eu estava? Ah, sim, as coisa agora são diferentes. Eu não sou mais livre e nem quero ser. E a primeira coisa que preciso fazer é limpar a casa”.
Então ela apanhou a folha de papel e disse: Esta é a minha relação da limpeza que precisa ser feita. Quando eu levar a Betty para casa comigo, nosso apartamento vai ser o seu lar e não apenas o meu e o de Joe. Mas ele não está ainda em condições para ela. Certas coisas têm que ser afastadas por amor de Bety. Eu tenho que fazer uma limpeza do coração e da mente também porque eu não sou mais eu mesma, eu sou a mãe de Bety. Isto significa que eu preciso de Deus.
Eu não posso dar conta de minhas obrigações se Ele.
Será que o senhor poderia orar por Bety, por mim, por Joe e pó nosso lar? E assim eu vi neta todas as mães de hoje: mães em minúsculos apartamentos e em fazendas distantes. Mães em casas grandes e em casinhas suburbanas, que estão enfrentando o velho desafio, “ o de encaminharem seus filhos no amor e no conhecimento de Deus.”
E pareceu-me também ver nosso Salvador com seus braços cheios de crianças lá na longínqua Judéia fazendo àquela mãe e a toas as outras mães, o velho convite tão necessário nestes nossos dias:
“Deixai as  crianças que venham a mim e não as impeçais porque delas é o reino Deus.”
Eu creio que esta geração de jovens tem suficiente coragem para enfrentar o futuro desafiante.
Eu creio que seu idealismo não morreu. Eu creio que ela tem a mesma coragem e a mesma devoção às coisas dignas que suas avós tiveram. Eu tenho toda a confiança que elas estão ansiosas de preservar o que há de melhor em sua herança, e Deus sabe que se o perdemos ele se irá embora para sempre.
Eu creio que as mulheres de hoje não deixarão de atentar para suas responsabilidades e foi por isso que ousei falar com tanta franqueza.
GUARDAS DAS FONTES, NÓS VOS SAUDAMOS!
(Transcrito).
DEUS POR NÓS!
Abraços.
AntonioTavares.

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